A invasão bárbara
Civilização!? Sério!?
Neste segundo artigo, tentarei expressar brevemente o quão impactante foi iniciar a leitura deste novo clássico brasileiro: A corrupção da inteligência.
O impacto não se deu apenas pela contundência e pela clareza do texto brilhantemente escrito por Flávio Gordon, mas pela pertinência da situação mencionada na obra e seu paralelo com o cenário caótico em que o planeta parece estar completamente imerso.
Passaram-se alguns dias desde os meus últimos relatos, mas a América ainda está em chamas. A batalha entre Democratas e Republicanos continua deixando o mundo insone. No entanto, pouquíssimas pessoas conseguiram se ater ao cerne deste imbróglio:
Por que diabos milhões de americanos decidiram depositar a sua confiança num sujeito repugnante e desprezível como Joseph Robinette Biden Jr ?
Gordon fez um ótimo trabalho destacando trechos de Hitler e os alemães, obra que retrata em detalhes o panorama da Alemanha nazista. Segundo Eric Voegelin, não havia nada de excepcional no maldito Fuhrer. A estupidez moral era um traço que o alemão médio partilhava com o seu líder nos anos 1930.
O principal alvo da crítica de Voegelin não são Hitler e os fanáticos nacional-socialistas, por quem o autor nutria um desprezo visceral. O filósofo tem em mente, antes, aqueles alemães comuns, até decentes, e sobretudo os intelectualmente, superiores, que, por um sem-número de ações e omissões, permitiram aquele estado de coisas, atualizando a célebre máxima de Edmund Burke:
Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que nada façam os homens de bem.
Outro grande filósofo brasileiro, Mário Ferreira dos Santos, já denunciava em A invasão vertical dos bárbaros o risco que uma civilização corre em ignorar as ameaças internas e normalizar a barbárie, tornando o senso das proporções um completo desconhecido da grande massa.
As ameaças externas mais uma vez se aproximam querendo subjugar a nação mais poderosa do planeta. A rudeza dos bárbaros de antes deu lugar a uma sutil guerra por procuração. Mas será que o maior problema é o inimigo estrangeiro?
Por via das dúvidas, creio que o mote da campanha de Donald Trump talvez precise de um prólogo para atingir seu objetivo. Para se chegar ao MAGA, urge passar pelo MAMA: Make America Moral Again.
11 de novembro de 2020.